segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O nosso câncer é benigno.

Vivemos numa realidade onde o caos prevalece como ordem social hegemônica, por mais contraditório que isso transpareça. Na verdade, a consolidação do capitalismo direcionou a sociedade para um abismo social pautado na exploração dos pobres pelos ricos (ou dos trabalhadores pelos empregadores) construindo “sociedades” que ocupam o mesmo espaço no mesmo momento histórico. O que resulta, inevitavelmente, no que Marx denominava de conflitos de classes.
As rebeliões urbanas são sintomas sociais da doença que o próprio sistema construiu e alimenta. A crise, apesar de ser considerada negativa, não é mais que a febre do corpo mediante a doença que o ataca. Aqui, como no Brasil, o fator negativo é a desunião aliado a ignorância do proletariado diante dos atos bélicos que lhe afetam diretamente. A greve, dos rodoviários e dos mestres de ensino, por exemplo, é o evento estopim, a armas daqueles desprovidos de armamentos contra os que têm todo o sistema a favor.
Logicamente, como este evento interfere no “bem estar socioeconômico urbano”, e sendo o povo, num âmbito geral, burro, todos acabam sendo avessos a greve. Os que não entram no exílio momentâneo acabam se denominando vitimas ao invés de se aliarem a causa, por conformismo ou medo de ser inserido no dito exercito de reserva, acabam jogando a pedra da revolta no rosto dos que querem melhorias, criando uma aversão do próprio proletariado diante das manifestações dos outros. Sendo assim, o sistema cria um tipo de retaliação ideológica que funciona oprimindo psicologicamente nas massas, mantendo a “ordem” e preservando a exploração.
Movimentos sociais holísticos como os de 68 são raros atualmente devido à falsa noção de liberdade difundida pela democracia que, na realidade, vestimenta uma ordem de plena exploração dos capitalistas em busca do lucro. Nós, nesse contexto, deveríamos pelo menos estar conscientes dos nossos verdadeiros deveres e direitos, porem, a maioria desconhece ate mesmo a utópica frase constitucional: “todos, perante a lei, são iguais.” É obvio que não o somos. Nem a lei é igual para todos, nem todos são iguais. O fato maior é a conscientização precária que o povo absorve, seja através dos jornais, da TV, internet, e discursos de candidatos que constroem fantásticas promessas que a realidade trata de trucidar. O que falta é uma conscientização alheia à fantasia, partidos, contextos e lados, ou seja, um conhecimento puro, a gênese do funcionamento geral da sociedade.
A união, não de uma modalidade, mas uma união agenérica, abrangente e consciente é a saída para o caos da sociedade pobre, marginal. Obviamente, uma revolta em tais proporções é uma obvia “utopia constitucional”, porem, não impossível de se alcançar. O câncer da nossa sociedade, por incrível que pareça, é benigno, e a cura é a mudança da nossa conduta. Se pararmos, o sistema pára; se sofremos o sistema fortalece-se; se revertemos à corrente do sistema ele funcionará ao nosso favor. Cabe a nos o trabalho e o sofrimento, mas se começarmos a enxergar como tudo funciona, poderemos sair desse labirinto aparentemente sem saída.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei amigo, o proposito do texto é nobre, de interesse intectual, percebo que está estudando e pesquisando muito; só não sei se o cancer é benigno, mas com efeito, tens razão. Precisamos mudar a direção do sistema, mas isso é utopico demais. Gostei do nome do Blog, e escreve mais...