sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O homem é um ser fantástico e único.


Estamos no meio do Boom da informação. E esse Boom tem como efeito sonoro e visual algo semelhante às bombas de Hiroxima e Nagasaki. Alias, se essas ogivas fossem detonadas hoje, provavelmente seria transmitido via satélite para todo mundo, com direito a rodas de discussões com especialista em armamentos bélicos; sociólogos prevendo o impacto social no lugar e no mundo; economistas prevendo oscilações financeiras; historiadores analisando e dividindo tudo em antes e depois do fato; filósofos, psiquiatras, médicos, advogados, operários e anônimos temerosos em relação ao futuro da humanidade. Obviamente, com um resumo integro e analítico no final de semana, cheio de emoção, enredo, trilha sonora, arrumado como se as câmeras já houvessem previsto o acontecido e se armado de tal modo a registrar os melhores ângulos da explosão e pegar o detalhe da feição do japonês antes de ser desintegrado pelo cogumelo radioativo. Ou seja, tudo recheado pelo “bom” e “conscientizador” sensacionalismo contemporâneo.


Não quero fazer apologia contra tudo, pois como tenho o mínimo de consciência e vejo essa situação como um Bem da historia da humanidade, por isso tento enxerga a fantástica base teatral e dramaturga na grade. Tal como uma peça ou um espetáculo, tudo é milimetricamente estudado: as falas, as feições, o tom de voz e a lágrima em momentos emotivos, até as improvisações são arquitetadas para que o público, ao vê-lo, “maquina cultural” girando, assemelhe tudo à perfeição. Tudo fora idealizado pelo diretor: desde o vestido à emoção a espalhar-se. Aos que freqüentam o teatro, não estranhe as semelhanças. Tal cuidado, aos moldes da moral religiosa e social, é necessário devido ao caráter, não explicitado logicamente, especulativo devido à manipulação aos interesses maiores da nata. Aos atores, diretores e escritores, não se ofendam com a analogia, pois sei a diferença entre arte e artificialidade.


Por tanto, alerto para o caráter corrosivo da informação que, por mais que aparente inocência e benevolência, há longo prazo torna-se um mal irremediável. Como se fossemos engolindo pequenas quantidades de radiação e, sem perceber, nos tornando mutações ambulantes. À mercê de um antídoto imediato, entretanto, fatal para a vida: a ignorância cívica. A ignorância consciente, provavelmente resultado do homo Sapiens Sapiens, pois é por sabermos que sabemos que somos tão ego centrista, aliada a condição atual de submissão sistêmica constrói o tal homem pós-moderno, ou seja, o homem ignorante que sabe que é manipulado, explorado, alienado, mas convive muito bem com isso. Afinal, agradeçamos, estamos domados, mansos e felizes pelo pouco que recebemos: o homem é mesmo um ser fantástico e único.

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